"Soube que fiquei famoso na internet, até na Rússia me viram", diz Déda.
Proprietário garante que modelo artesanal é único existente no Brasil.
Do Fusca prata ano 1967 restam apenas os eixos dianteiro e traseiro. No
lugar da lataria, uma grade amarela feita de vergalhão e moldada por um
sonho. O ‘Fusca transparente’, o Ximbica, tem chamado atenção pelas ruas
de Aracaju, em Sergipe.
Na cor do verão, o carro combina com a estação predominante no Nordeste. Nele dá até para atualizar o bronze e sentir o vento no rosto com o ar-condicionado natural. Além de ser facilmente notado, o Ximbica pode ver com olhos feitos de penicos e até cuspir através de uma boca cheia de dentes.
Na cor do verão, o carro combina com a estação predominante no Nordeste. Nele dá até para atualizar o bronze e sentir o vento no rosto com o ar-condicionado natural. Além de ser facilmente notado, o Ximbica pode ver com olhos feitos de penicos e até cuspir através de uma boca cheia de dentes.
O empresário Álvaro Wellington Fraga Déda, 74 anos, comprou o veículo
há três meses. Junto com a aquisição ele herdou uma missão: levar
alegria. O sobrinho dele, o engenheiro mecânico Júlio César Déda
Pacheco, passou um ano para fazer a customização do carro que foi
utilizado em festas culturais do município de Caruaru, no interior de
Pernambuco, durante seis anos.
“Meu sobrinho era apaixonado pelo Fusca e resolveu homenagear o fim da
fabricação do modelo. Ele se caracterizava de Papai Noel, Cangaceiro,
Papa e carnavalesco e animava o pessoal da cidade. É como se fosse um
carro alegórico e eu recebi a missão de perpetuar o que ele fazia”,
afirma Wellington Déda.
Toda vez que sai às ruas no Ximbica, o empresário se emociona pela
lembrança do sobrinho que morreu no dia 4 de setembro deste ano vítima
de um latrocínio. O engenheiro mecânico estava se preparando para voltar
a Sergipe, pois nasceu em Simão Dias, a 100 km da capital sergipana.
“Júlio estava querendo se desfazer do carro para conseguir dinheiro e
vir morar em Aracaju, cidade que ele sempre amou. Ele estava só
esperando sair a aposentadoria dele do Exército, mas morreu dias antes
disso, após reagir a um assalto”, lembra.
Curiosidade
Uma foto do Fusca inusitado no meio do trânsito da capital sergipana
ganhou destaque nas redes sociais e no primeiro dia chegou a ter 34 mil
curtidas no Facebook, segundo Déda. Essa ‘fama’ despertou a curiosidade e
abriu caminhos para o proprietário, que após várias tentativas
conseguiu uma autorização provisória do Departamento Estadual de
Trânsito (Detran) para circular em Aracaju.
“Disseram que eu estava famoso no Facebook, até um homem que mora na
Rússia viu o Ximbica. O pessoal achava que era uma miniatura, mas é um
carro comum e leva cinco passageiros”, conta Déda. Ele já recebeu
proposta para transportar o Papai Noel e até noivas e foi convidado para
circular em datas festivas como Pré-Caju, carnaval e festas juninas.
Autorização para circular
O carro de fabricação artesanal não tem especificação própria no Código
de Trânsito Brasileiro (CTB), por isso ainda não foi possível emplacar o
veículo que teve quase toda a estrutura modificada e perdeu, inclusive,
a numeração do chassi.
Um dos sonhos de Wellington Déda é chegar ao programa de Luciano Huck
na Rede Globo. Ele acredita que esse encontro facilitaria a licença
definitiva para a circulação do veículo, além da ajuda de custo para
manutenção, pois a cada seis meses é necessário refazer a pintura da
grade.
O empresário encaminhou um ofício para o Detran doando simbolicamente o
Ximbica para a cidade. “Sinto uma alegria muito grande em poder dirigir
esse carro e ao mesmo tempo a tristeza por lembrar a perda de um ente
querido que amava Aracaju”, finaliza.
Fonte: Globo.com
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