28 de abr. de 2016

Fotógrafo de Pelotas atravessa a América Latina a bordo de um Fusca

Muito mais do que um meio de transporte, o Segundinho, fusca azul do jornalista e fotógrafo Nauro Júnior é um parceiro de aventuras. Juntos, eles percorreram o Rio Grande do Sul, viajaram o Brasil e visitaram diversos países, de desertos a cortilheiras nevadas. O projeto cresceu e se tornou uma rede colaborativa, sustentada com patrocínios e ajuda de apoiadores. Na última segunda-feira (25), o fusca estacionou em Porto Alegre para uma palestra com estudantes.


A relação de amor com o carro começou quando Nauro, de Pelotas, ainda era criança e seu pai comprou um fusca, o primeiro de sua vida. Muitos anos depois, em 2010, quando o fotógrafo entrou na segunda faculdade, ele comprou um fusca, que se transformou numa espécie de "xodó" da turma. O nome era Filó Sofia, uma brincadeira com o curso de filosofia que decidiu cursar e o nome de sua filha, Sofia. 

Foram os colegas que o incentivaram a fazer a primeira viagem de carro. Como um presente de formatura, ele e mais um amigo viajaram da Praia do Cassino, em Rio Grande, no Sul do estado, até o Chuí, no Uruguai, tudo pela beira do mar. Mas por uma questão mecânica, Júnior precisou comprar outro fusca para a jornada, o Segundinho. O trajeto de 300 km levou cerca de 4 dias. "É impressionante como o fusca abre portas. Todo mundo tem alguma história com um fusca. É uma questão afetiva", conta. 

Foi assim que surgiu o projeto "Expedição Fuscamérica". Em 2014, durante a Copa do Mundo, ele e outro amigo foram até o Uruguai para assistir às oitavas de final da Seleção Uruguaia. E, alguns meses depois, foram ao Rio de Janeiro com a torcida do Brasil-Pel durante a Copa do Brasil. Com ajuda da página no Facebook, a experiência cresceu, muitas pessoas queriam conhecê-los e receber o fusca. "O fusca é uma máquina de fazer amigos", define o fotógrafo de 47 anos.


O apoio da esposa de Nauro é essencial para as aventuras funcionarem. É ela quem organiza a página e que faz contato com as pessoas que se propõem a ajudar. "Ela fica nos bastidores, mas sem ela isso não funcionaria. Nossa filosofia é 'mucho sueño, pouca plata' (muito sonho e pouco dinheiro)", brinca. O projeto conta com o apoio da rede colobativa de pessoas que os recebem.

Depois do Rio de Janeiro, foi a vez de se aventurarem pela Argentina e Chile. O Segundinho foi da Praia do Cassino ao Oceano Pacífico levando uma garrafa d'água. "A ideia era criar um próposito para a viagem. Resolvemos levar água do Atlântico e jogar no pacífico", explica. O fusquinha 1968 passou pela Cordilheira dos Andes com neve e pelo deserto argentino. 

A última aventura, e uma das maiores, no fim do ano passado, foi um convite da Marinha Brasileira. Ele e um amigo cinegrafista foram de fusca até Punta Arenas, no Chile, passando pela Patogonia. Depois pegaram um avião até a Antartida, onde ficaram por cerca de três dias. "Foi uma experiência incrível, inesquecível. Não tem como descrever". Na volta, ele ainda realizou um sonho antigo: entrevistar o ex-presidente uruguaio, José Mujica, famoso por viajar com seu fusca azul.

“Quero mostrar para as pessoas que qualquer um pode pegar algo que ama e transformar num projeto de vida”, conta. Júnior ainda não tira lucros da expedição, mas com ajuda de patrocinadores e parcerias ele consegue viajar sem nenhum custo. “As pessoas vivem para pagar a prestação do próximo carro. Por que não pegar essa grana e sair para conhecer o mundo?”, questiona.

É na voz de Mujica que ficará na narração do documentário que a Expedição pretende lança no fim de 2016, depois que de realizar mais uma das grandes viagens. O plano é passar por sete países: Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Brasil e Paraguai. Tudo de fusca, é claro. Mas não para por aí, o Segundinho já tem destino para 2018, a Copa do Mundo na Rússia. “O fusca é um símbolo de afetividade. Mas ele também é parte do caminho, é um carro que se integra com a viagem. Se está frio, ele está frio. Se está calor, ele está quente. É o trajeto que importa, não o destino”. 


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